O Futuro Elétrico em Debate: Toyota Aposta nos Híbridos Enquanto o Novo Renault 5 Causa Sensação
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Serão os veículos elétricos (VE) realmente o futuro? Esta é a questão que continua a dividir a indústria automóvel, à medida que se avalia o impacto ambiental dos motores de combustão. Embora a popularidade dos VE tenha crescido na última década, as vendas não têm refletido totalmente as expectativas, com a “ansiedade de autonomia” a permanecer como uma barreira significativa para muitos consumidores.
Neste contexto, estratégias divergentes emergem, com a Toyota a optar por uma abordagem mais matizada, priorizando a construção e venda de veículos híbridos.
A EstratégIA 1:6:90 da Toyota
Recentemente, a Toyota detalhou a sua iniciativa interna “1:6:90”. Esta estratégia sugere que as matérias-primas finitas necessárias para a bateria de um veículo 100% elétrico (VE) poderiam ser utilizadas para produzir seis veículos híbridos plug-in (PHEV) ou 90 veículos híbridos tradicionais (mild-hybrid).
Kerry Creech, presidente da fábrica da Toyota no Kentucky (TMMK), explicou que a principal motivação é otimizar a eficiência dos recursos. A marca defende ainda que a redução de carbono alcançada pela produção e condução de 90 híbridos teria um impacto global mais significativo do que a venda de um único VE.
A Solução Intermédia
Para muitos engenheiros, os híbridos representam a solução intermédia mais viável. Os híbridos e os plug-in oferecem aos clientes um vislumbre da propulsão elétrica, mas suplementados pela segurança e conveniência da gasolina, eliminando a ansiedade de autonomia.
Modelos como o Toyota RAV4 Prime (PHEV) já conseguem percorrer distâncias significativas (até 67 km) apenas com a bateria, cobrindo a maioria das deslocações diárias sem gastar combustível. No entanto, estes veículos são tecnologicamente complexos. Os motores de combustão interna funcionam melhor a temperaturas consistentes, mas nos híbridos, o motor liga-se e desliga-se constantemente. Isto exige soluções de engenharia avançadas, como óleos de baixa viscosidade, para garantir a lubrificação ideal em temperaturas operacionais mais baixas.
O Contraponto Elétrico: Chega o Renault 5
Apesar deste debate focado nos híbridos, a aposta nos 100% elétricos não abranda. A prova disso é o Novo Renault 5 E-Tech Electric, indiscutivelmente o carro mais aguardado do ano, com comercialização prevista para maio de 2024. O seu maior trunfo é a imagem retro, mas a questão que se coloca é: será este elétrico mais do que uma “cara bonita”?
O design é um ponto fulcral. Quem tem mais de 40 anos emociona-se pela ligação ao passado, recordando o modelo original de 1972. Os mais jovens, sem essa âncora sentimental, veem simplesmente um carro com linhas diferenciadas e mais retilíneas do que o habitual.
Factos e Plataforma
Deixando a nostalgia de lado, os factos objetivos são claros. O Renault 5 E-Tech Electric utiliza a nova plataforma AmpR Small, destinada aos modelos mais pequenos do Grupo Renault. Esta plataforma servirá também de base ao igualmente retro Renault 4 e ao desportivo Alpine A290.
Um destaque técnico é a suspensão independente às quatro rodas, uma solução pouco vulgar no segmento dos utilitários, que geralmente recorrem a uma barra de torção. A bateria de iões de lítio (NCM) estará disponível em duas capacidades: 40 kWh ou 52 kWh. Estas alimentarão motores síncronos dianteiros com 70 kW (95 cv), 90 kW (122 cv) ou 110 kW (150 cv). A autonomia anunciada varia entre os 312 km e os 410 km.
Carregamento e Espaço Interior
O carregamento em corrente alternada (AC) será de 11 kW em todas as versões. No entanto, o carregamento rápido em corrente contínua (DC) está reservado às duas versões mais potentes (80 kW ou 100 kW), sendo uma limitação para a versão de entrada.
Com 3,92 metros, o R5 é 13 cm mais curto que um Clio. As portas traseiras estão dissimuladas, dando acesso a uma segunda fila de bancos algo apertada para adultos, especialmente no espaço para as pernas. Passageiros até 1,75 m serão razoavelmente bem recebidos; três pessoas viajarão muito apertadas. O conforto é também ligeiramente prejudicado pela altura do piso, elevada para acomodar a bateria de 14 cm.
Veredito Preliminar
Num primeiro contacto, o Renault 5 revela pontos fortes claros: um comportamento em estrada descrito como eficaz e divertido, um sistema de software e infoentretenimento moderno, e uma autonomia sólida nas versões de bateria maior. A inclusão de carregamento bidirecional (V2L e V2G) é uma mais-valia.
Como pontos negativos, destacam-se o preço, que se antevê elevado, alguns materiais e acabamentos interiores, e o carregamento AC lento na versão de entrada. O Renault 5 entra assim num mercado polarizado, apostando forte no design para conquistar um público que, apesar do debate entre híbridos e elétricos, procura o próximo grande ícone da mobilidade elétrica.