A Corrida pelos Robotáxis: Tesla Revela o Futurista Cybercab e a Lucid Motors Entrega a Primeira Unidade
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O mercado dos veículos autónomos entrou numa nova fase de competição acesa, com dois dos mais proeminentes fabricantes de veículos elétricos a fazerem anúncios cruciais. A Tesla, liderada por Elon Musk, revelou a sua visão futurista com o “robotáxi” Cybercab, enquanto a Lucid Motors deu um passo concreto ao entregar o seu primeiro veículo para uma frota de táxis autónomos, sinalizando uma abordagem diferente para conquistar um mercado que poderá valer 2 biliões de dólares até 2030.
A Visão da Tesla: Cybercab e a Mudança para a Robótica
Num evento em Los Angeles intitulado “We, Robot”, o CEO da Tesla, Elon Musk, apresentou o muito aguardado “robotáxi” da empresa, o Cybercab. Chegando ao palco a bordo de um protótipo, Musk exibiu um veículo de duas portas com abertura ao estilo “asa de gaivota”, desprovido de volante e pedais. A produção em larga escala está prevista para arrancar em 2026.
Segundo o anunciado, o Cybercab terá um preço a rondar os 28 mil euros (30 mil dólares), com um custo de operação estimado em 18 cêntimos por cada 1,6 quilómetros. Uma das inovações destacadas é o carregamento por indução elétrica, eliminando a necessidade de ligar o veículo a uma tomada. Para a sua operação autónoma, o Cybercab dependerá exclusivamente de um sistema avançado de inteligência artificial e câmaras. Durante a apresentação, Musk reforçou a sua visão de que a Tesla “deveria ser considerada uma empresa de robótica e inteligência artificial, em vez de um fabricante de automóveis”.
Adicionalmente, foi também revelada uma “robovan” com capacidade para transportar até 20 passageiros. Com estes lançamentos, a Tesla aposta numa mudança de foco, transitando do mercado de carros de baixo custo para o desenvolvimento de um ecossistema de veículos totalmente autónomos. Musk prevê uma rede onde os passageiros poderão chamar um táxi através de uma aplicação móvel, e os proprietários de veículos Tesla poderão rentabilizar os seus carros, inscrevendo-os na mesma frota de “robotáxis”.
A Estratégia da Lucid: O Primeiro Passo Concreto no Mercado
Em contrapartida à apresentação de um protótipo por parte da Tesla, a Lucid Motors anunciou um marco mais imediato: a entrega do seu primeiro “robotáxi” elétrico. Esta notícia foi recebida com otimismo pelos investidores, que veem nesta ação um passo estratégico que pode redefinir a trajetória de crescimento da empresa. As ações da Lucid (LCID) registaram uma subida acentuada em setembro, acumulando um ganho de cerca de 50% desde o início do mês.
A entrada da Lucid no setor da condução autónoma partilhada é vista como uma diversificação estratégica que poderá desbloquear novas fontes de receita e reduzir a sua dependência das vendas de veículos elétricos de luxo. A entrega do primeiro veículo valida a tecnologia e a capacidade de produção da Lucid, posicionando-a para beneficiar de futuras parcerias de frotas e de um ambiente regulatório favorável. Este movimento é crucial numa altura em que concorrentes como a Waymo (da Alphabet, dona do Google) e a própria Tesla aceleram os seus projetos.
Reação dos Investidores e Perspetivas de Wall Street
Apesar do entusiasmo, as reações do mercado aos anúncios das duas empresas foram distintas. Enquanto a Lucid colheu os frutos de um progresso tangível, Musk não apresentou um cronograma específico para a produção em massa do Cybercab nem detalhou como irá superar os obstáculos regulatórios, o que gerou alguma incerteza.
Para a Lucid, os dados do mercado de opções financeiras indicam uma volatilidade elevada. As projeções para o preço das suas ações até 19 de dezembro variam entre 17,42 e 30,32 dólares. Um sucesso contínuo na execução do seu plano de “robotáxis” poderá levar as ações a quebrar a barreira dos 26 dólares. No entanto, Wall Street mantém uma postura de cautela, com uma classificação média de “Manter” (Hold) para as ações da Lucid e um preço-alvo médio a rondar os 20 dólares, o que sugere um potencial de desvalorização face aos níveis atuais. Os analistas alertam que, embora o potencial seja grande, a execução será fundamental para justificar a valorização da empresa a longo prazo.